O progresso deve acontecer. Novas construções devem surgir. Vias urbanas devem ser pavimentadas para a promoção da mobilidade, integrando setores diferentes, facilitando deslocamentos, fazendo fluir o trânsito, além de promover mais segurança, dignidade e conforto e, de quebra, valorizar a paisagem com o embelezamento dos espaços coletivos através de ações em obras que demonstrem que o progresso ali chegou.
Tantos benefícios... Mas... e os impactos gerados? Alguém está atento a isso? Quem está pensando em soluções? Elas existem ou precisam ser criadas? Qual o custo envolvido? Quem arca com ele?
Garanhuns, “Terra da Garoa”... “Cidade das Flores”... “Suíça Pernambucana”. Referências comprometidas nos últimos anos em virtude do aumento das temperaturas e da aridez gerada com o desequilíbrio entre o natural e o construído.
Há quanto tempo pessoas comentam sobre o aquecimento em nossa cidade? Com uma breve reflexão é possível associar a redução significativa de massas verdes e de solo natural ao aumento de construções civis e de impermeabilização do solo.
Embora o aquecimento seja uma preocupação discutida em nível mundial, em nossa cidade esse desequilíbrio compromete fortemente as características que levaram Garanhuns a receber esses títulos (ainda que informalmente).
Árvores cortadas, jardins dando lugar a garagens e pisos concretados, calçadas impermeabilizadas, muitas construções e superfícies que absorvem calor durante o dia e emanam durante a noite. Águas de chuva correndo superficialmente e sendo levadas para cada vez mais longe, afastando o ciclo da água para longe da cidade, tornando-a mais quente e seca a cada ano.
Nós, arquitetos urbanistas, devemos estar atentos à evolução dos sistemas construtivos e aos novos materiais de construção, além de buscar sempre as melhores soluções visando ao equilíbrio entre o natural e o construído.
No quesito impermeabilização de superfícies, por exemplo, existem soluções permeáveis que são bastante interessantes e funcionais para pavimentação de calçadas, vias e estacionamentos. Inúmeros benefícios! Evitam alagamentos, sobrecarga do sistema de drenagem pluvial (galerias de águas de chuva), são acessíveis e seguros.
Outro benefício importantíssimo: a permeabilidade promove a renovação dos lençóis freáticos e faz com que o solo permaneça úmido próximo à superfície, promovendo condições mais adequadas à manutenção da vegetação do entorno e no controle das temperaturas.
Planejar soluções sustentáveis para um projeto requer muitos estudos, criatividade e bom senso. Mas isso não é tudo. Requer, acima de qualquer coisa, uma parceria com o usuário que deverá ser orientado sobre a necessidade de respeitar e manter cada detalhe planejado funcionando, pois tudo terá sido pensado para funcionar em perfeita harmonia.
Os resultados são surpreendentes e podem ser percebidos na qualidade funcional e sensorial do espaço, bem como podem aumentar significativamente o valor do imóvel. Essa é a importância de contratar um arquiteto urbanista comprometido com o conceito de sustentabilidade: a qualidade do espaço produzido beneficia você e a cidade simultaneamente. Agora, imagine isso em grande escala.
Mariana Braga - Arquiteta Urbanista / Cau A46.216-0
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