DISMORFOFOBIA
PENSAMENTOS OBSESSIVOS, DELIRANTES E
INCONTROLÁVEIS SOBRE POSSÍVEIS FALHAS OU DEFEITOS NO PRÓPRIO CORPO SÃO SINTOMAS
DE UMA DOENÇA QUE JÁ ATINGE 2% DA POPULAÇÃO
Por: Firmo Neto
Relações Públicas e Jornalista - Muito Mais
São verdadeiros rituais. Horas e horas por dia tentando
corrigir ou esconder o que se considera uma falha no próprio corpo. Uma mancha na
pele, olhos ou seios um pouco disformes, um nariz um pouco mais parrudo,
orelhas que considera grandes ou pequenas demais, músculos menos volumosos do
que se gostaria. Essas insatisfações junto a uma dedicação doentia para que a “perfeição”
seja alcançada pode ser uma doença psíquica grave.
É comum confundir com vaidade exagerada, mas os portadores de doenças psicológicas são normalmente
acometidos de baixa autoestima e o que pode parecer fanfarrice, pode ser algo
bem mais sério. Dependendo do tempo que se dedica pensando na aparência, nos “defeitos”,
ou tentando corrigi-los, pode-se estar diante de um quadro de Transtorno Dismórfico
Corporal (TDC), uma doença mental que envolve um foco obsessivo em um defeito
que a pessoa considera ter no corpo, podendo ser pequeno e trivial, ou mesmo
fruto da imaginação. O diagnóstico requer avaliação médica especializada, mas as
idas constantes ao espelho para examinar a aparência, a comparação permanente
com a de outras pessoas e o ato de evitar situações sociais com fotos ou
filmagens, deve ascender um “sinal amarelo” pois são sintomas de TDC.
Em tempos de autorretratos digitais, redes sociais e
conexão vinte e quatro horas por dia, quando a exposição da imagem corporal
ganha importância alarmante, as buscas pela aparência e corpo perfeitos acompanham
a velocidade dos cliques, curtidas e compartilhamentos. Segundo especialistas e
estudos recentes sobre o assunto, os sintomas podem desenvolver-se gradualmente
ou de forma abrupta. Normalmente esses defeitos são encontrados pelo doente, na
cabeça ou na face, mas podem envolver qualquer parte ou mesmo passar de uma
parte do corpo para outra. Homens e mulheres jovens desenvolvem a doença em
igual proporção, embora pode ser um pouco mais frequente em mulheres. Em
adolescentes também não é incomum diagnosticar-se casos de dismorfofobia. O
doente passa a ter uma visão deturpada da própria aparência, inquietando-se
excessivamente com imperfeições físicas minúsculos ou ilusórias. Estima-se hoje que 2% da população apresenta o
transtorno.
Na ponta, dependendo da condição financeira,
verifica-se a submissão desenfreada por procedimentos estéticos e de cirurgias
plásticas. Médicos cirurgiões, estudiosos e profissionais de estética já estão em
acordo e não indicam de início procedimentos cirúrgicos estéticos ou invasivos
diante do diagnóstico de dismorfofobia.
O tratamento com determinados antidepressivos, especialmente inibidores
de recaptação da serotonina – medicamentos usados para tratar depressão – ou clomipramina,
um antidepressivo tricíclico é eficaz com frequência, mas tanto o diagnóstico
como as indicações de drogas para o tratamento só podem ser feitos por médico psiquiatra.
A terapia cognitiva comportamental com foco específico no Transtorno Dismórfico
Corporal normalmente é parte do tratamento e costuma diminuir
significativamente os sintomas. Indícios
de angústia, insatisfação permanente, isolamento social com prejuízos nas relações,
aliados a obsessão pelos pequenos detalhes no corpo, merecem a atenção de todos;
em tempos de mudanças tão velozes nas formas de comunicação, quando a imagem
física parece prevalecer. Não significa que precisamos concordar.
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